Pontos Cantados de Jurema

Pontos Cantados de Caboclo

 

 

 

 

 

1.Estrada de Belém

Caminhava Maria

 

E estes médiums que estão na mesa

Orando a Deus para receber os seus Guías

 

Meu guía é tão bonito

Foi Jesus quem me deu

Para me librar dos males

Com os poderes de Deus

 

2.Eu esteva em cima da serra

Quando ouvi uma gaita tocar

 

Chamando Aricurí

Aricuri eu sou

Eu sou de Ipanema eu sou

Eu sou flechador

 

3.Tupy andou no mundo

Pronto para curar

 

Valha-me Deus e Tupi nas alturas

Tupy não promete para faltar

 

Lá em Aledeia, lá na Jurema

Não se faz nada sem ordem suprema

 

 

 

4.Vinde, vinde nossos anjos da guada

Vinde, vinde auxiliar nossos trabalhos

 

Jesus Cristo é nosso Pai

Filho da Virgem Maria

E a estrela Dalva é nossa guia

 

5.Quem vem, quem vem lá de tão longe

São nossos guias que vem trabalhar

 

Oh! Daí-me forças pelo amor de Deus, meu Pai

Oh! Daí-me forças nos trabalhos meus

 

6.Vamos orar meus irmãos vamos orar

Que Jesus também orou

No jardim das Oliveiras

Com seu Pai se comunicou

 

Nas matas ouvi um gemido

Eu vi a mata se abrir

E vi em uma pedra sentado

O caboclo Guaraní

 

7.Uma estrela lá no céu brilhou

Na terra resplandeceu

Cadê os companheiros da seara

Que até agora ainda não apareceu

 

8.A mata virgem escureceu

Mas o luar clareou

Eu estava sentado na minha Jurema

Quando o caboclo aqui chegou

 

Mas ele é rei, ele é rei, ele é rei

Mas ele é, na Jurema ele é rei

 

 

 

 

9.João Cuty é um caboclo

Que bebeu água na coité

 

Deus me livre, Deus me guarde

Da flechada de Canindé

 

Em cima daquela serra

Tem uma onça e um leão

Todos médiuns concentrados

Para receber manifestação

 

Arre arre arre arreia

Estou saudando todos caboclos meu pai

Da tribo do rei de Urubá

 

Meu rei de Urubá, meu rei de Urubá

Trabalha caboclo com o rei de Urubá

 

10.Ó Jaçanã, Ó Jaçanã

Ó Jaçanã para que me chamou?

 

Para que mandou chamar Jaçanã

Chegou Jaçanã com os caboclos de Urubá

 

Eu corto o Pau e tiro o mel

Com meus caboclos de Urubá

 

11.Caboclo não tem caminho para caminhar

Ele caminha por cima das folhas

Por debaixo das folhas

Por qualquer lugar

Oke cabolco...

 

 

 

 

 

 

12.Caboclo, eu sou um caboclo

 

Aminha morada é nas matas

Com minha flecha e coité

Eu corto o pau caboclo...

...Eu corto o pau e tiro o mel

 

 

Caboclo do príncipe encantado

Que mora na areia do mar sagrado

O meu caboclo não dorme, trabalha em pé

É o rei Canindé, é o rei Canindé

 

Eu fui prá mata caçar Canindé

Corte o pau caboclo

Corte o pau e tire o mel

 

13.Caboclinho da Jurema

Ele brinca no Toré

Para se livrar das flechas

Do rei Canindé

 

Rei Canindé, Rei Canindé

Uma salva de palmas para o rei Canindé

 

14.Quem for Canindé

Que levante o penacho

Para Canindé da mata

Não há embaraço

 

15.Na mata ouvi um apito

Meu Deus, quem será? Quem é?

Sou eu, caboclo de pena

Sou eu, rei dos Canindés

 

16.Canindé, meu Canindezinho

Brinca bonito meu caboclozinho

 

 

 

17.Canindé canta, Canindé fala

Afirma este ponto, no pau da arara

 

18.Tapúia, minha Tapúia

Tapúia de Canindé

 

Eu saudei a folha da Jurema

A minha flecha e o meu coité

 

Eu estava no meio das matas

Num tronco embolando mel

Quando eu vi estava cercado

De Tapúias de Canindé

 

Trabalha Tapúia mestra

Trabalha porque Deus quer

Trabalha minha Tapúia

Com a força dos Canindés

 

Salve o Rei Canindé eh eh eh

O que fazem com as mãos

Eu desmancho com os pés

 

19.Minha gente toda vamos prá Jurema

Na minha cidade tem uma cabocla de pena

 

Salve Aurora Canindé

Canindé Canindé

 

Salve o penacho de Aurora

De Aurora Canindé

 

20.Sete anos eu vivi

Com sete anos eu me passei

Com a força da Jurema

Os meus filhos eu abençoei

 

Salve Aurora Canindé

Canindé Canindé

 

21.Eu tenho uma cabocla de pena

Soltei-a nas matas prá ela trabalhar

Prá ver a força que a jurema tem

Prá ver a força que a Jurema dá

 

Amélia cabocla de pena

Vem colhendo flores, rosas e açucenas

Qunado eu venho da minha cidade

As flores que eu trago são as flores da Jurema

 

Eu sou uma cabocla que vem lá de aldeia

Eu venho apanhando as flores

Eu sou flecheira

 

Na minha cidade tem campos de açucena

E eu estou vendo a cidade da Jurema

 

22.Apanha a flor e colhe a semente

Trabalha cabocla no pé da Jurema

 

23.Meu Deus, uma cobra piou

Lá no meio da mata onde Oxossi baixou

 

Cobra que anda, cobra que pía

Vamos sarava Oxossi, dos terreiros da Bahía

 

24.Quem manda nas matas é Oxossi

Oxossi é caçador, Oxossi é caçador

Ouví o meu pai assobiar

E eu mandei saudar

 

 

A Aruanda ê, A Aruanda ah

É o caboclo Oxossi na Jurema

É de Aruanda ah!

 

 

 

25.O veado no mato é corredor

Oxossi na mata é caçador

 

Atirei, atirei mas não matei

Quando o pássaro voltar eu matarei

Atirei atirei atirei não

Prá acertar a flecha no coração

 

26.Oxossi é Oxossi é

Oxossi é caçador

 

Caça aqui e caça acolá

Ele é caçador

 

27.Meu caboclo roxo

Da pele morena

Ele é Oxossi o rei da Jurema

 

28.Meu pai Oxossi nasceu na Jurema

A minha mãe Oxum acabou de criar

 

Mas ele hoje é rei caçador

Ele é filho da índia da cobra coral

E quando a Jurema abrir

Vou perguntar quem é

Se é Oxossi, Pena Branca ou o caboclo Canindé

 

29.Não me toque na espada de Ogum

Não me toque na machada de Xangô

Não me toque no capacete de Oxossi

Que na mata tem um caboclo caçador

 

Lá na mata tem....

 

 

 

 

 

 

30.Eu estava na mata

Caçando caboclo

Eu atirei lá no alto da torre

Eu vi meu pai, lá no urubá

Maya dendê

Caboclo maya dendê

 

31.Caboclo maya, caboclo maya

Caboclo maya dendê

Caboclo maya, caboclo maya

Trabalha que eu quero ver

 

32.Caboclo da mata virgem

Ele é bambariô

Caboclo da mata virgem

Ele é bambariô

 

33.Aldeia aldeia

Que Jesus abençoou

Lá na minha aldeia

Tem mel tem pau tem flor

 

34.Os caboclos desceram lá do alto da serra

E traziam no peito uma cobra coral

Nosso terreiro hoje está em festa

Vamos sarava, meu pai, Sr. Sete-Flechas

 

35.Lê lê lê

Caboclo Sete-Flechas no gongá

 

Saravá Sr. Sete-Flechas

Pois ele é o rei das matas

Com seu badoque atira, caramba

Com sua flecha mata

 

 

 

 

 

36.Oh Juremeiro

Oh Juremá

A sua folha caiu serena, oh Jurema

Dentro deste gongá

 

Salve São Jorge guerreiro

Salve São Sebastião

Salve o povo da Jurema

Que veio dar sua proteção, oh Jurema

 

Oh Juremeiro

Oh Juremá

A sua folha caiu serena, oh Jurema

Dentro deste gongá

 

Deus vos salve ó casa santa

Onde Deus fez a sua morada

Onde mora o cálice bento

E a óstia consagrada

 

Oh Juremeiro

Oh Juremá

A sua folha caiu serena, oh Jurema

Dentro deste gongá

 

Salve o sol e salve a lua

Yara e meu pai Tupã

Os caboclinhos da Jurema

Saravá Irakitã, ó Jurema

 

37.Caboclo bom, caboclo bom

Ele vem de Aruanda

Caboclo bom, caboclo bom

Vencedor de demandas

 

 

 

 

Eu quero ver a Virgem Maria

A estrela Dalva a de ser nossa guia

 

38.Ele é caboclo ele é flecheiro

Bumba na calunga

Ele matador de feiticeiros

Bumba na calunga

Ele vai firmar seu ponto

Bumba na calunga

No romper da madrugada

Bumba na calunga

 

39.Caboclo do mato

O que é que você quer?

É pena verde

Pena verde de guiné

 

 

40.Sr. Arsená, Sr. Arsená

Sr. Arsená é meu caboclo de urubá

 

Sr. Arsená ele vem lá das matas

Sr. Arsená ele vem trabalhar

Sr. Arsená ele é caboclo índio

É caboclo velho da falange de urubá

 

 

 

41.Eu atirei, eu atirei, eu atirei

Lá no baré-baré

 

Eu atirei a minha flecha

Lá no baré-baré

Eu atirei a minha flecha

No baré matou

 

 

 

 

42.Eu vejo o sol, eu vejo a lua

Eu vejo o campo clarear

Sou eu Manuel Juremeiro

Caboclo velho do reino de Urubá

 

Com meu machado na mão

Eu vou cortar as folhas do imbé

Dos enimigos e mal-fazejos

Eu corto as mãos, pescoço e pés

 

Valei-me Nossa Senhora

Valei-me meu São José

Dos enimigos e mal-fazejos

Eu corto as mãos, pescoço e pés

 

43.Salve Jacira a Protetora da Jurema

Jacira é uma menina é uma cabocla de pena

 

44.Estava sentada na beira do rio

Tomando meu jurema

Acorda Jandira acorda

Acorda e vem trabalhar

 

45.Caiu uma flecha na mata

Veio o sereno e molhou

E depois e depois veio o sol e secou

E a mata abriu-se em flor

Mas caiu...

 

46.Foi numa tarde serena

Lá na mata da Jurema

Que ouvi um caboclo a bradar

 

Kiô kiô kiô kiô kiera

A sua mata está em fezta

Saravá Sr. Sete-flechas

Que ele é rei da floresta

 

 

           47.Eu sou do imbé imbaúba

Eu sou do imbé imbaúba

Eu sou caçador imbaúba

Eu sou caçador imbaúba

 

48.Eu estava no mato

Eu estava no mato

No imbé abaixadinho

Eu estava no mato

Eu estava no mato

Caçando caboclinhos

 

49.Saia caboclo e não me atrapalha

Saia de baixo da samambaia

 

Vestimenta de caboclo é samambaia

É samambaia é samambaia

 

50.Caboclo, quando chega no reino

Faz favor em dizer o seu nome

 

Mas eu sou

Caboclo Irakitã de aruanda

Eu vim prá vencer as demandas

 

O caboclo Irakitã não veio brincar

O caboclo Irakitã veio trabalhar

 

51.Caçador da beira do caminho

Não me mate esta coral que passa

Ela abandonou a sua choupana caçador

No romper da madrugada caçador

 

 

 

 

 

 

52.Caboclo de pena ele não bambeia

Caboclo de pena escreve na areia

 

Escreve na areia com pena de arara

Ele é Pena-Branca irmão de Itaquara

 

53.Não há quem apanhe areia no mar

Mas o meu cabolco apanha, areia no mar

Sessou sessou, areia no mar

Sessou sessá, areia no mar

 

54.Eu pisei em ponta de rama

Senti cheiro de açucena

Minha gente se preparem

Que já chegou Iracema

 

Iracema quando chega

De contente vem sorrindo

E os portões que estão fechados

Iracema vem abrindo

 

Ó Jurema Ó Jurema

Bonita é a flechada da Cabocla Iracema

 

55.Na minha aldeia eu sou um caboclo

Sou Rompe-mato, sou Arranca-Touco

Na minha aldeia, lá na Jurema

Não se faz nada sem ordem suprema

 

56.Naquela estrada de areia

Onde a lua clareou

 

Todos caboclos pararam

Para ver a procissão de São Sebastião

 

Okê, okê Caboclo vamos Saravá

A São Sebastião

 

 

 

57.Jurema, ó juremê, ó jurema

 

É uma cabocla de pena filha de Tupinambá

Rainha da pontaria, nunca atirou para errar

Tem a pele bronzeada do sol exposta ao mar

Anda correndo nas folhas e nunca se ouviu o seu pisar

É uma cabocla de pena....

 

58.A minha coroa só tem um brilhante

No meio da mata eu vi clarear

No meio da mata ouvi um gemido

Ouvi saudar o Rei Tupinambá

 

Ouví saudar...

 

59.Bote a roda prá rodar

É Tupy é Tupinambá

 

60.Caboclo velho e enganador

Só não engana Xangô

 

61.Caboclo bebeu Jurema

Caboclo se embriagou

Com a raiz do meusmo pau

O caboclo se levantou

 

62.Meu caboclo afirma o ponto

Na rudia do cipó

É meia-noite na lua

É meio-dia no sol

Mas eu trabalho de noite

Durante o dia é melhor

 

Eu queria mas não posso

Fazer o dia maior

É meia-noite na lua

É meio-dia no sol

 

63.Corta a língua, corta a mironga

Corta  a língua do mal-falador

 

Com a minha espada eu não temo embaraço

Sou eu Ubirajara do peito de aço.

 

64.Lembrai....

...Ele é João da Mata

Lembrai...

...Ele é nosso pai

 

Com sua flecha atirou, atirou

Todo mal suplantou

Vamos sarava lembrai

 

65.João da Mata quando nasceu

Ele não atendeu a caboclo nenhum

Ele é João da Mata ele é Caboclo bom

Que não atendeu a caboclo nenhum

 

66. Eu corri terra eu corri mar

Até que eu cheguei na minha Bahía

 

Mas eu sou Oxossi nas matas

Sou Arranca-Touco sou eu Ventania

Pontos Cantados de Malunguinho

 

 

 

  • Malunguinho, Malunguinho

Eu estou te chamando

Eu só peço a Malunguinho

Que os contrários vá retirando

 

  • Ma lunguinho foi à mata

Foi firmar a sua mesa

Quero um ponto nesta casa

Quero um ponto de defesa

 

  • Eu firmei meu ponto, sim

No meio da mata, sim

Salve a corôa, sim

Do Rei Malunguinho

 

Eu sou um caboclo, eu sou

Eu sou rei das matas, eu sou

Eu sou um caboclo, eu sou

Rei nagô

 

  • Malunguinho das Matas é rei…

 

  • Na Mata tem um cabolco

Todo coberto de penas

Este caboclo é Malunguinho

Ele é rei lá na Jurema

 

 

 

Na mata temu m caboclo

Com uma peaca na mão

Este caboclo é Malunguinho

Não brinque com ele, não

 

  • Malunguinho saiu das matas

Com seu saiote de penas

Mas ele foi e ele é

O rei da Jurema

 

  • Onirê bô

Malunguinho sobô

Onirê bô

 

  • Sobô onirê

Sobô onirê má fá

Sobô onirê má fá

Malunguinho Sobô

 

  • Pé na estrada e fé no caminho

Estou saudando a corôa do Rei Malunguinho

 

  • Malunguinho está de ronda

Quem mandou foi Jucá

Malunguinho está de ronda

Que a Jurema manda

 

Que a Jurema manda, meu pai

Eu quero é ronda

 

  • Rondeiro meu pai

Rondeiro meu pai

Malunguinho já está de ronda

            -Malunguinho eu também sou

 

 

 

 

 

  • É um doutor do mundo

É advogado de todos

 

           -Mestre Esmeraldino,

           Como vai vossa mercê, anda rei

           Anda rei nagô, anda rei

 

  • Mas ele é preto

Ele é bem pretinho

Estou saudando a coroa (os trabalhos, a fumaça, a cachaça, etc)

Que é do rei Malunguinho

 

  • Estava na estrada

E seu chapéu é furadinho

Eu estaba no caminho

Estou saudando a Malunguinho

 

Eu dei um grito na Jurema

Eu dei outro no Vajucá

É o rei Malunguinho

que acabou de chegar

 

  • Sete cidades Malunguinho

Sete cidades

Foi numa delas que

O rei Malunguinho desceu

 

Arreia nela Malunguinho

Arreia nela

Arreia nela

Quem está mandando sou eu

 

 

 

 

 

 

 

  • Malunguinho, Malunguinho,

Malunguinho lodê

Malunguinho, Malunguinho

Malunguinho lodê-ô

 

Malunguinho é rei

É rei nagô

Mas bate palmas para a coroa de sobô

 

  • Lá na mata tem coiote

Lá na mata tem coiote

De quem é?

É do rei Malunguinho

 

  • Dá-lhe Malunguinho

com cipó de caiumbinho

com cipó de caiumbinho

Dá-lhe Malunguinho

 

  • Com seu jibão de couro

E com sua coroa de espinhos

Foi lá nas sete encruzilhadas

Que saudei ao rei Malunguinho

 

  • Tem dendê Malunguinho

Tem dendê Malunguinho

Tem dendê seu dendê

Tem dendê seu dendê

 

  • Malunguinho estava sentado

Com setenta cangaceiros

Corre-corre Malunguinho

A gira deste terreiro

 

 

 

 

  • Eu estava no meio da mata

Eu estava saudando Malunguinho

 

Para levar todos contrários

E abrir todos os caminhos

 

Leva leva Rei Malunguinho

Leva os contrários e abre os caminhos

 

  • Recua, recua, recua Malunguinho

E vai para as sete encruzilhadas dos caminhos

 

  • Malunguinho já vai

Vai no balanço do vento

Diga-lhe adeus meus filhos

E façam um bom pensamento

 

A casa do mau vizinho

É morada de Malunguinho

Encruzilhada é

É morada de Malunguinho

 

 

  • Na mata só tem um

Que é o rei Malunguinho

Ele é rei dos caminhos

O rei das matas é Malunguinho

 

 

 

 

Com a constatação de que Malunguinho tenha se ausentado da gira, faz-se a entrega de sua cachaça no portão de saída do terreiro, e só então poderá dar-se início aos trabalhos.

Pontos Cantados de Mestres

 

 

  1. Abrindo os nossos trabalhos

Pedimos a Deus a proteção

Ao nosso Pai Poderoso

E a Virgem da Conceição

 

Abre-te mesa Varanda real

Me abram as cortinas meus caboclos Mestres

Me abram as varandas do Juremá

 

São Jorge é santo, protetor meu

Ele é quem me livra dos enemigos meus

 

Com a sua lança empunhada na mão

Em seu cavalo venceu o dragão

 

Seu capacete na cabeça vive

Além de guerreiro é rei dos invisiveis

 

Ele é africano e corrente ele tem

Domina as estrelas e a lua também

 

De quem é esta casa?

Ela é de Deus!

 

E depois de Deus?

É dos senhores Mestres

 

Os senhores Mestres

Eles são curadores

Os senhores Mestres são desimbaraçadores

 

 

Os senhores Mestres elevão e vem

Nas horas de Deus na horas de Deus amém

 

  1. Belarmino meu menino

                           Chaveiro do outro mundo

                          Vai buscar os senhores Mestres

                              Naquele porão tão fundo

 

                              Corre corre meu cavalo

                              Meu cavalo corredor

                              Vai buscar os senhores Mestres

                              Na santa paz do Senhor

 

                              Corre corre meu cavalo

                              Meu cavalo alazão

                              Vai buscar os senhores Mestres

                              No reino de Salomão

 

                              Corre corre meu cavalo

                              Meu cavalo singular

                              Vai buscar os senhores Mestres

                              No tronco do Juremá

 

  1. Existe no mar uma Muralha

Feliz de queme la avistar

É a muralha das tres donzelas

Que moram no alto mar

 

No fundo do mar tem areia

E as águas do mar tem ciencia

Quem se ver pertubado neste mundo, ai meu Deus

Só peço a Deus que lhes dê pasciência

 

 

  1. Meu povo siga comigo

Para a cidade do outro mundo

Mas é preciso fé e coragem

Para os trabalhos do outro mundo

 

 

Segura eu Juremá, segura eu

Conforta eu Juremá, conforta eu

 

  1. Eu dei um tombo na Jurema e o mundo veio

Eu dei um tombo na Jurema e o mundo vai

 

Sentado numa mesa de Jurema

Eu só temo a Deus do céu e nada mais!

 

  1. Ó Jurema encantada

Que nasceu de um frio chão

Dai-me força e mais ciencia

Das que deste a Salomão

 

Salomão bem que dizia

Aos seus filhos Juremados

Para entrar na Jurema

Tem que ser bem preparado

 

Salomão bem que dizia

Aos seus filhos Juremeiros

Para entrar na Jurema

Peça licença primeiro

 

A Jurema bota flor

A jurema bota vagem

E com a vagem da jurema

Afastarei todos contrários

 

Eu afastarei…

 

  1. Ó dai-me licença mestre

Para eu saudar a tua Jurema

Jurema é pau sagrado

A raíz que Deus ordena

 

 

 

 

Vamos saudar a Jurema

Fazer a nossa obrigação

Vamos saudar o cruzeiro mestre

Vamos saudar salomão

 

  1. Ó que cidade tão linda

É a cidade do Rei salomão

Bem no centro daquela cidade

Existe um bom mestre caído no chão

 

Meu Salomão Salomão Salomão

Me levante este mestre caído no chão

 

  1. Eu estava sentado na mesa da Jurema

Eu estaba sentado balançando meu maracá

E foi nesta hora que eu abalei a Jurema Preta

Mestre de cidade dê um tombo e venha cá

 

Ê juperê negué

Ê juperê nagüá

Arreia senhores Mestres

Vamos trabalhar

 

Eu estava sentado na mesa da Jurema

Vi disciplo caído sem poder se levantar

Foi nesta hora que eu abalei a Jurema Preta

Mestre de cidade dê um tombo e venha cá

 

Ê juperê negué

Ê juperê nagüá

Arreia senhores Mestres

Vamos trabalhar

 

  1.  Eu venho da minha aldeia

Saudando nossa banda

Salve Deus e salve aruanda

Salve os senhores mestres

E todo povo de aruanda

 

  1.  Jurema, minha Jurema

Jurema, Jurema minha

Tu és a senhora rainha

Tu és dona da cidade mas a chave é minha

 

  1.  Jucazinho

Jucá de Deus

Brota, não brota

Não bota flor

 

Deixa botar, deixa florar

Deixa eu saudar o meu Vajucá

 

É um rei, é um rei

É um rei-iá

 

  1.  Vamos, meu mestre vamos

Vamos a cidade trabalhar

Pois eu só trabalho bebendo

Fumando, cantando e tocando o meu maracá

 

  1.  Licença senhores mestres

Licença queiram me dar

Pois eu venho de muito longe

Da capital do Pará

E com ordem de Jesus Cristo

Eu venho para trabalhar

 

Eu trago dois com chapéu na mão

Eu trago três com meus cachimbinhos

Defumando os passarinhos.

 

  1.  A Jurema é minha madrinha

E Jesus é meu protetor

A Jurema é o pau sagrado

Onde Jesus descansou

 

 

 

 

Você que é um bom mestre

Me ensine a trabalhar

Numa mesa de Jurema

No tronco do Juremá

 

  1.  O segredo da Jurema

Todo mundo quer saber

Mas é como uma abelha mestra

Que trabalha sem ninguém ver

 

Sem ninguém ver, sem ninguém ver

Trabalha sem ninguém ver

 

  1.  Jurema, é um pau encantado

É um pau de ciência que todos querem saber

 

E se você quer Jurema

Eu dou Jurema a você

Mas, se você quer ciência

Só Deus dá Jurema a você

 

- Canta-se então para servir o licour de Jurema, com as finalidades de que os membros da casa confraternizem entre si, bem como, para que este sirva de ferramenta para impulcionar a ligação entre o médiuns da casa com suas entidades, facilitando o ver, escutar e sentir o mundo espiritual. Esta bebida, por ser considerada sagrada, deve ser recebido com as duas mãos e quando no ato de beber-lhe, os indivíduos dão as costas as demais pessoas

Demonstrando assim a respeituosidade em beber-lo de forma não vulgar.

 

  1.  A Jurema Preta,

eu conheço pela tinta

salve a Jurema sagrada

eo Gongá de Zé Pilintra

 

  1.  Você bebeu Jurema

Foi para trabalhar

Você bebeu Jurema

Para saber do bem e mal

 

- Depois disto, canta-se para “afirmar” a casa. Chamando a atenção de todos os participantes para a necessidade de boa concentração para o bom decorrer dos trabalhos que já se encontram em andamento. Sendo assim, os padrinhos da casa formam uma barreira que impedirá a entrada de qualquer mal nos trabalhos. Eles dispõem-se um diante dos outros de forma a que cada um deles fiquem de costas para uma das quatro esquinas da casa, apertam-se as mãos, como símbolo de fraternidade entre eles e defumam desde a parte central do terreiro em direção a esquina de fora do salão que tem as suas costas, depois disso, trocam de lugar entre os quatro, repetindo o processo de aperto de mão, só que a fumaça desta vez é disposta de forma contrária, ou seja, desde a esquina do salão que tenham as suas costas, até o centro do salão.

 

 

  1.  Repara, repara

Repara quem vem lá

Repara nos caminhos

Para o amigo não passar

 

Eu vim para este mundo

Eu vim foi reparar

Vim reparar os caminhos

Para o enimigo não passar

 

Repara repara repara

Repara bem

Repara nos caminhos

Nas horas de Deus amém!

 

- Defuma-se um copo de aguardente e despacha-se para o mestre repara. Canta-se

 

  1.  Já vai o mestre Repara

Que a sua cidade lhe chama

Ela vai levar os contrários

Ele veio vencer demandas

 

 

Sentido no mundo

É um sentido real

Toma sentido meu disciplo

Pro disciplo não tombar

 

- Canta-se finalmente para soprar a pemba. Os padrinhos da casa se dispõe da mesma forma que anteriormente mencionei para soprar o cachimbo e seguem o mesmo ritual para soprar o preparo que neutralizará qualquer mal que possa haver resistido, bem como, evocará a presença de fausta energia para a casa e participantes da cerimônia.

 

  1.  Pemba não anda

A pemba voua

Sopra esta pemba

Que a pemba é boa

 

  1.  Pemba de Angola mandou me chamar

Pemba de Angola mandou me chamar

Mas se não fosse a pemba eu não vinha cá

 

-Dá-se então seguimento as evocações dos mestres de Jurema.

 

  1.  É hora meu mestre

Meu mestre é hora

 

O mamoeiro tora com o balanço do vento

Mas eu firmei o meu pensamento

E quero ver você agora

 

Mano meu, responda meu mano

Um mestre para ser bom mestre

Se comete algum engano?

 

- Um mestre quando é bom mestre

                              Não comete nenhum engano!

 

  1.  Eu venho tocando a minha gaita mestra

Da cidade da Jurema e um bom mestre

Eu vou chamar

 

Eu vou, eu vou, eu vou

Eu vou ali já volto já

 

  1.  A Jurema “fulorou”

Do Anjico ao Vajucá

Desenrola estas correntes

Deixa o mestre trabalhar

 

Quem deu este nó não sabia dar

Pois este nó mau dado

Eu desato já

 

  1.  Eu trago imburana de cheiro

Do anjico ao Vajucá

Mas eu estou na Jurema

Tô to no Juremá

 

  1.  É bonito e tem que ver

Um pau seco “fulorar”

Mas é bonito e tem que ver

Os mestres da Jurema na mesa do Juremá

 

Eu triunfei, triunfei, vou triunfar

Triunfa senhores mestres na mesa do Juremá

 

  1.  A Serra-Negra gemeu

Meu mestre diga o que eu faço

Ele é bom mestre de Jurema

É bom amigo é bom pai

 

Eu não vi cancela bater

Eu não vi boiada passar

Ele bom mestre de Jurema

é bom amigo é bom pai

 

  1.  Lá no pé do dendezeiro

Meu maracá é dendê só

Lá no pé do dendezeiro

Eu não conheço maior

 

Arreia arreia maiangá

Arreia arreia maiangá

 

  1.  Na minha bengala mestra

Eu trago um rico diamante

Nele trago um nome escrito

Mestre Lagoa do Rancho

 

A minha lagoa não seca

Nem nunca há de secar

A minha lagoa só seca

Quando Deus do céu mandar

 

  1.  Salve o mestre Junqueiro

Que vem da lagoa do Junco

Juncando eu venho

Juncando eu vou

E desembaraçando eu venho

E desembarançando eu vou

Na direita eu sou bom mestre

E na esquerda obsessor

 

- Pontos cantados para a cfalange de Zé:

 

  1.  Lá vem Zé, lá vem Zé

Lá vem Zé lá da Jurema

Lá vem Zé lá vem Zé

Lá vem Zé do Juremá

 

Quando Sr. Zé vem da Jurema

Todo mundo quer lhe ver

Mas Sr. Zé não desce em uma mesa

Que não tenha o que beber

 

Mas prá Sr. Zé, tem tem tem

E prá Sr. Zé sempre terá

Prá Sr. Zé tem o que beber

Prá Sr. Zé tem o que fumar

 

  1.  Do trabalho vem o dinheiro

Do charuto sái a fumaça

E o engenho a moer cana

Para Sr. Zé tomar cachaça

 

Eu abalei eu abalei

Eu abalei eu vou abalar

Vou abalar o mestre Zé

No tronco do Juremá

 

  1.  O relógio trabalha com corda

E o galo só canta se beber

A Jurema trabalha com mestre

E os mestres só trabalham se beber

 

É uma cobra, é um tigre, é um leão

E a fumaça de Zé bota um no chão

 

E a garrafa de cana de quem é?

 

É do mestre Zé

É do mestre Zé

 

  1.  Sr. Gosta de cana e a cana gosta de Zé

Sr. Zé vira a cana e a cana não vira Zé

 

Mas chegou um bêbado no meio do salão

E no meio do salão apanhou de cipó

Mas Sr. Zé, qual é o pó?

 

  1.  Oh Sr. Zé, quando vem lá de Alagoas

Tome cuidado com um balanço da canoa

 

Oh Sr. Ze você e meu camarada

Mas no meio de tantas moças

Roubou a minha namorada

 

Oh Sr. Ze faça tudo que quizer Sr. Ze

So nao maltrate o coraçao desta mulher.

 

  1.  Fui eu que cortei o pau

Fui eu que fiz a jangada

Fui eu que cortei a moça

Eu casei na encruzinhada

 

Fui eu que cortei o pau

Fui eu quem fez a gamela

Fui eu que robei a moça

Eu mesmo casei com ela

 

Mas ó Sr. Zé

Mas cadê o seu dinheiro

Para pagar a sua bicada e meter o pau

É no bodegueiro

 

E meter o pau...

 

  1.  Ah Sr. Guarda n]ao me prenda

Nao me leve para o quarte

Eu n]ao vim fazer barulho

Eu vim buscar a minha mulher

 

  1.  Eu estava no jogo - oh mulher

Eu estava jogando – oh mulher

O meu dinheiro acabou – oh mulher

E eu fiquei chorando – oh mulher

 

  1.  Zé oh Zé, mas que Zé enganador

Que enganava a filha alheia

Com palavras de amor

 

Mas não fui eu que enganei ela

Foi ela quem me enganou

Quando me via vinha correndo

Vem Zezinho meu amor.

 

  1.  Quem foi que viu Zé Pilintra

Brincando neste salão

Com a sua garrafa de pinga

E o seu charuto na mão

 

Dentro da Vila do Cabo

Ele foi primeiro sem segundo

Na boca de quem n]ao presta

Zé Pilintra é vagabundo

 

Dentro da Vila do Cabo

Sete vendas se fechou

Foi uma fumaça contrária

Que Zé Pilintra mandou

 

Sr. Doutor, Sr. Doutor - Bravo senhor

Zé Pilintra chegou - Bravo senhor

Com os poderes de Deus - Bravo senhor

Zé Pilintra sou eu - Bravo senhor

Mas se você não me queria - Bravo senhor

Para que me chamou - Bravo senhor

Ê dilim dilim - Bravo senhor

Ê dilim dilá - Bravo senhor

Viva a Deus primeiramente - Bravo senhor

E Zé Pilintra no gongá

 

  1. O que será será, o que será serei

O que será será, o que será serei

 

Chapéu amarelo que vem do Pará

É José Pilintra, ai meu Deus, na mesa arriá

Olhe para o céu e veja uma luz

É José Finlintra meu Deus

Que recebeu a luz

 

E Deus lhe dê maior poder

Da maior força que tem

 

  1.  Foi na matriz de Belém

No altar da Conceição

Defumando estes filhos

Com os poderes da Santíssima Trindade

 

Ó meu bom Jesus, ele queira me guiar

Pois na matriz de Bel[em tem um Pai celestial

 

Eu rompo matas e brenhas nas varandas do Juremá

Eu me chamo é Zé Prá Tudo,

 e prá que mandou me chamar

 

Naquele pau acima tem um rei

E corre o cipó mocunã

Naquela galha a fora canta o pássaro

É o rei cauã

 

Canta rei, canta rei cauã

Canta rei, canta rei cauã

 

  1.  De Uniforme Branco e sua bengala

Nas encruzilhadas dilim dilim

Sr. Zé dá risadas

 

Ele não tem parentes e nem aderentes

Na encruzilhada dilim dilim

Sr. Zé tem patente

 

Zé da Risada é só, é só só

E não tem parente, é só só

Na encruzilhada dilim dilim

Sr. Zé tem patente

 

  1.  Zé Filipe andou no mundo

Curando e fazendo o bem

Infeliz de quem Zé odeia

E feliz de quem Zé quer bem

 

  1.  Ele se chama Zé Vieira

Nêgo do fé derramado

E quem mecher com os filhos meus

Ou está doido ou está danado

 

Figurão ...

....Pisa macumba no chão!

 

  1.  Sou eu que me deito tarde

Sou eu que me acordo cedo

Sou eu Zé dos montes falado

E das línguas eu não tenho medo

 

Sou eu que me deito tarde

Sou eu que me acordo cedo

Sou eu Zé dos Montes jurado

E de juras não tenho medo

 

E quem me dever quem me dever

Olhe para traz e veja quem sou eu

 

 

  1.  Ó que cana doce

Ó cana caiana

Chegou Zé da Pinga

Com suas baianas

 

  1.  Meu mestre zabumbeiro

Vossa mercê como se chama

Com chapéu de couro

Sou José de Santana

 

  1.  Zé de Santana tem uma bengala

Que na ponta dela tem sete filelas

Enimigo que apanha com ela

Ou dá um coça-coça ou dá um pela-pela

 

  1.  Zé Pretinho, meu neguinho

Tire o chepéu da cabeça

E quem tiver bom bote

E quem não tiver não se meta

 

Eu quero o meu serviço feito

Na sombra de um pau-linheiro

Eu vou cortar galho de Jurema

Para dar lapa em feiticeiro

O pau pendeu, o pau pendeu

E na Jurema chegou eu

O pau pendeu mas não caiu

Eu passei pela Jurema e ninguém nem me viu

 

  1.  Eu cheguei, eu cheguei

Eu cheguei agora

Eu vim de lá de meu bequinho

 

Do Anjico ao Vajucá

O meu apelhido é Zé Bebinho

 

  1.  É no romper do sol

É no raiá da lua

Chegou Sr. Zé bebinho

Bebinho do meio da rua

 

Sua mãe bem que lhe disse

Bebinho não beba não

Com um copo de cachaça eu deixo o disciplo no chão

 

Mas eu bebo, bebo, bebo

E ninguém tem nada com isso

Com um copo de cachaça eu desmancho qualquer serviço

 

 

  1. Sr. Zé vira o beco

E no beco virou

Na virada do beco

Sr. Zé me enganou

 

  1.  Saia da linha menino

Que na linha passa o trem

Eu quero o saber de quem sabe

Eu s[o o saber de quem tem

 

Salve Zé

Macumbeiro ele é

 

Não saia da linha menina

E não vá fazer o que quer

Pois quem deve a Deus paga a Deus

E quem deve a Zé paga a Zé

 

Salve Zé

Macumbeiro ele é

 

  1.  Viva Deus no céu, viva a Deus

Viva Deus no céu e salve Zé

 

Viva Deus no céu e nos caminhos

Viva Deus no céu Malunguinho

 

Viva Deus no céu e no sertão

Viva Deus no céu Bigodão

 

Viva Deus no céu e na Bahía

Viva Deus no céu Ventania

 

Viva Deus no céu e no salão

Viva Deus no céu gavião

 

Salve Zé....

...Macumbeiro ele é!

 

  1.  Sr. Zé, quando tem um filho

Que não pode dominar

Ele faz pelo sinal, faz a sua oração

Faz o sino Salomão

E dá ao diabo para pisar

 

  1.  Eu ouvi trupe de cavalos

Eu ouvi esporas tinir

Abre-te rochedos de pedra

Prá Zé Vaqueiro sair

 

E na minha boiada me falta um boi

Tanto falta um como faltam dois

 

Na minha boiada me falta uma rés

Tanto falta uma como faltam três

 

  1.  Salve o mestre Zé Pereira, Pereira vem

O mestre Zé Pereira nunca fez mal a ninguém

 

Só matou pai e matou mãe

Matou quem lhe criou

E matou o corno do padre

Que lhe batizou

 

  1.  Pelo alto da serra eu venho

Com a minha guiada na mão

Venho amansando os touros bravos

Venho amansando os corações

 

Santo Antônio é santo forte

Mas a sua coroa é maior

Eu pego a linha eu pucho a ponta

E em cada ponta eu dou um nó

 

Vaqueiro não vá na serra

Que o touro urrou na maiada

Com um grito na Serra Negra

Chegou Sr. Zé de Aguiar

 

 

  1.  Ele se chama Zé da Bagaceira

Que vocês ouviram falar

Trabalhava o dia todo dentro dos canaviás

Mas lá no seu engenho

Ele só tem é cana fita

Ele se chama Zé da Bagaceira

Do alto da Bela-Vista

 

Ele vai fazer bagaço

No alto da Bala-Vista

Ele é Zé da Bagaceira

Do alto da Bela-Vista

 

  1.  Barreiros cidade Barreiros

O trem passageiro não torna a passar

Eu cachimbei e tornei cachimbar

Por cima da linha o trem vai virar

 

  1.  Ele pula portas e janelas

Ele sobe em pedras e rochedos

O seu nome é Zé Bagaceira

O seu apelhido é bate-porteira

 

Bate, bate-porteira

 

  1.  Sou eu Zé de Buique

Sou eu Zé de Buique

Cangaceiro lá do Sertão

Cangaceiro....

 

Eu só confio em Deus do céu

Só confio em Deus do céu

E na ponta do meu facão

E na ponta...

 

  1.  Quem estiver dormindo acorde

O meu relógio já deu hora

Pobrezinho de Zé Menino

Vem chegando, vem de mundo a fora

 

E na bola de seu apito

Na bola de seu apito

Tem semente de Jurema

Ele é moleque, ele é menino

Ele é menino ele é traquino

 

  1.  Sou José dos Anjos

Que cheguei na sua aldeia

Sete anjos me acompanham

Sete velas me alumeiam

 

A caminho de Santa Rita

Eu passei por Quatro Cantos

Dando o nome de Pilintra

Mas meu nome é Zé dos Anjos

 

Zé dos Anjos serei

Zé dos Anjos serás

Um mestre bom da jurema

O rei do meu Juremá

 

É um rei é um rei

É um rei arriá

Triunfa Zé dos Anjos

Na mesa do Juremá

 

  1.  Eu nasci no raiá do dia

E me criei com o clarão do sol

Mas a chegada do Mestre Zé Dantas

É ouro só é ouro só

 

  1.  Eu andei o mundo em roda

Sem saber onde baixar

Encontrei as minhas forças

No reino do Juremá

 

Eu estava na praia caçando minhocas

Eu sou cabra danado sou sou Jos[e da Maroca

 

  1.  Eu sou barro branco, massapé tauá

Eu sou ferro-velho de engomar quebrado

Cavo buraco no seco, dou no seco e no molhado

E depois do buraco feito eu quero ver o nêgo enterrado

 

Na virada do beco – Bravo Senhor

Sr. Zezinho encostou – Bravo Senhor

Com os poderes de Deus – Bravo Senhor

Zé Pilintra sou eu – Bravo Senhor

Mas se você não me queria – Bravo Senhor

Para que me chamou – Bravo Senhor

Ê dilim dilim – Bravo Senhor

Ê dilim dilá – Bravo Senhor

Viva a Deus primeiramente – Bravo Senhor

Sr. Zé Pilintra no gongá

 

  1.  Quem tiver olhos veja

E não vá se enganar

Zé Bragança é o rei

Lá de seu Juremá

 

Anda rei anda rei cauã

Anda rei anda rei cauã

 

Pontos para a chamada de Mestres em geral.

 

  1. Mestre Carlos é bom mestre

Aprendeu sem se ensinar,

Três dias passou caído no tronco do Juremá

Quando ele se levantou foi pronto para curar

 

Carro não anda sem boi

E eu não ando sem beber

A força da roda grande faz a pequena moer

 

Amigo dá-me um cigarro

Que eu também sou fumador

A pontinha que eu trazia

Caiu na água e se molhou

 

Quem se for daqui prá cima

Se achar um lenço é meu

Com um cruzeiro na ponta

Carlos Gonçalo sou eu

 

Amigo dá-me uma bicada

Que eu também sou bebedor

A garrafa que eu trazia

Caiu na água e se quebrou

 

Eu não gosto de cachaça

E nem meu mano gosta dela

Eu bebo sete garrafas

E meu mano sete tigelas

 

Eu bebo sete garrafas...

 

  1. Dentro do meu peito eu trago

Sete palmeirões dourados

Eu sou pavão eu sou pavão

Eu sou um príncipe encantado

 

  1.  Eu venho de tão longe

Cansado de caminhar

Eu trago uma vela acesa

Para meus caminhos clarear

 

Palmeira é bom mestre

Ele é bom mestre e é coroado

Palmeira  é bom mestre

Ele é do campo ele é do mato

 

Com seis anos de idade

Ele foi jogado na mata escura

Com seis anos de idade

Arrudiado de palmeiras

 

Foi no pé da gameleira

Onde ele fez a sua morada

Foi no pé da gemeleira

Arrudiado de palmeiras

 

Palmeira – Palmeira na Jurema

Palmeira – também sabe trabalhar

Palmeira – a sua força eu vou saudar

Palmeira – no tronco do Juremá

 

  1.  Sou eu Benedito fumaça

Sou eu maquinista de trem

Eu fui passado em uma virada

E não temo passar ninguém

Quando eu vinha de meu planauto

O meu trem desencarrilhou

Duzentos e setenta pessoas

Debaixo de meu trem ficou

 

Engata o carro Benedito

Na estação da gameleira

 

  1.  Puxando a minha carroça

Com ela eu vou trabalhar

Me chamo Antonio Pereira da Silva

Sou conhecido como mestre Preá

 

Sou um mestre garranchinha

E toco fogo no além

 

Eu quero ver

Preá correr

 

  1.  Eu sou da pecheira

Eu sou do punha

Eu sou da Mustardinha

O meu nome é Preá

 

  1.  Eu que ver o carro bater

Eu quero ver o trem machucar

Eu quero ver a cobra morder

Nas ondas do mar

 

Eu quero ver na ponta da faca

E na ponta do meu punha

 

  1.  Ê ê ê

Eu não vejo bolir

Eu não vejo bolir

Eu não vejo bolir eu não vejo o mar

 

Foi o peixe baleia oh

Que me ensinou a nadar

 

Valei-me Nossa Senhora

Valei-me os peixinhos do mar

Valei-me a tuninha branca

Estou saudando a Tubarão Siringá

 

Estou chamando...

 

  1.  Eu sou uma cobra que mora no mato

Eu sou um peixe, sou ruim de descamar

Não há corrente por mais forte que seja

Que Cobra-Verde não possa desmanchar

 

Eu sou leão do chalé-chale

Eu sou leão do chalé eu sou

Eu tenho a força de sete leões

Eu tenho força para quem duvidar

 

  1.  Meu Galo-Preto dos pés amarelos

Triunfa meu galo e só faz o que eu quero

 

Meu Galo-Preto meu serviço é com você

É com pemba preta e com azeite de dendê

 

Meu Galo-Preto da baixa-magia

Trabalha de noite, de noite e de dia

 

Meu Galo-Preto faz cú ru cú cú

Trabalha meu galo na linha de Ex[u

 

  1.  É pemba preta, é pemba roxa, é pemba encarnada

Já chegou Sr. Galo-Preto da encruzilhada

 

  1.  Sou eu Madeira-Verde da mata

E na esquerda eu sou o maior

Sou eu Madeira-Verde da mata

Eu sou bom mestre de um ponto só

 

Sou eu Madeira-Verde da Mata

E amargo mais que folha seca

Sou eu Madeira-Verde da Mata

Estarei onde a paz de Deus esteje

 

Desmanche estes nós dos meus caminhos

Sou eu Madeira-Verde da mata

Entrei na mata e ninguém viu

 

Eu fui buscar um pau na mata

Eu fui buscar Madeira – Madeira

Madeira ele é bom mestre – Madeira

 

  1.  Eu vou a cidade do mestre

Eu vou que a cidade chamou

Eu vou a cidade do mestre

Com pisa pilão meu pilão deitou

 

Eu vou a cidade do mestre

Eu vou a cidade real

Eu vou a cidade do mestre

com Pilão-Deitado eu vou triunfar

 

Chico Braga não morreu

Eu vou dar parte ao delegado

Eu vou chamar a força volante

Para prender a Pilão-Deitado

 

Pisa pisa meu Pilão

O meu Pilão deitou

 

  1. Um dois três quatro cinco seis

Eu pisei na macumba

Quebrei a panela de uma vez

 

Um dois três, cuidado muito cuidado

O meu serviço está na gira

Eu vou chamar Pilão-Deitado

 

  1. O meu Pilão tem duas bocas

E trabalha pelos dois lados

Na hora dos aperreios

Valei-me meu Pilão-Deitado

 

  1.  O meu pilão ele tem duas bocas

O meu Pilão ele tem duas bocas

Eu piso numa

Piso numa piso noutra

 

  1.  Pilão-Deitado foi preso

Numa cadeira de aço

Cortaram a cabeça dele

E deixaram o corpo em pedaços

 

  1.  Quem pisa, quem pisa

Quem pisa no meu Pilão

Com as contas de meu rosário

Eu domino qualquer coração

 

  1.  Quem vai dar, quem vai dar

Quem vai dar no Bola-Preta

Quem vai dar quem vai dar

No meu boi tourino careta

 

Meu boi tourino careta

A minha estrela baiana

Eu sou Zé Pilintra que só trabalha cantando

Eu venho de fala mudada

Tocando o meu violão

Eu sou de uma peça boa que só trabalha

 

...Com Pisa Pilão

 

  1.  A água do mar gemeu

Quando ventania nasceu

Dentro da perversidade

Nasceu mais um irmão meu

 

Muralha minha muralha minha

Muralha minha Ventania nasceu

Muralha minha Ventania sou eu

 

  1.  Salve o mestre Ventania

Salve o mestre Ventania

Ventania é filho de Ogum Touperinã

E o rei dos ventos é Ventania

 

  1.  Todos coqueiros abalavam

Todos coqueiros pendiam

Todos coqueiros abalavam

com aforça de Ventania

 

  1.  Na Jurema ele é um mestre

Na quimbanda ele é exu

Ele é mestre de Jurema, ele é

Salve exu é Ventania

 

  1.  Eu dei um grito na serra

Que a terra estremeceu

Dentro da minha cidade

Só quem é mestre sou eu

 

Discípulo toma cuidada

Matéria toma sentido

Joga a cachaça no mundo

E deixa o resto comigo

 

Discipulo toma cuidade

Matéria toma juízo

Joga a fumaça no mundo

E deixa o resto comigo

 

Discípulo toma cuidado

Matéria tu olha lá

Quando a cabeça não pensa

O corpo é quem vai pagar

 

Eu vinha descendo a serra

Eu vinha correndo o mundo

Eu sou um mestre malvado

O meu nome é Vira-Mundo

 

  1.  Eu só peço a Deus que não chova

Para não molhar meu chapéu

E se chouver molha tudo

Sr. Vira não vai pro céu

 

Chuva vai chuva vem

Pois chuva miúda não molha ninguém

 

Manoel de Ipanema no dendê

Eu vi Macambira e Pomba-gira

Eu vi Sr. Vira no dendê

 

  1.  Antes de haver dendê

Os urubus já comiam

Ele é Sr. Vira-Mundo

Que só trabalha na baixa-magia

 

  1.  Pemba cadê Vira-Mundo ó pemba

Está no terreiro ó pemba

 

Galinha preta na encruzilhada

Gato preto corredor

Sustenta o ponto minha gente

Que Vira-Mundo chegou

 

  1.  Sr. Vira-Mundo ele anda e desanda

Sr. Vira-mundo vem no tombo de girar

 

Sr. Vira-Mundo veio beber

Sr. Vira-Mundo veio fumar

Sr. Vira-Mundo veio beber

Para os contr[arios levar

 

  1.  Nas asa de um papagaio

No bico de um periquito

Sustenta a pisada do mestre oh

Quem está no ponto é Canito

 

Balança a maracá do mestre

Assoita a gaita discípulo

Ele é um mestre pequeno e dá

Conta de seu serviço

 

Nas asas de um papagaio

No bico de um passarinho

Ele vai mostar para vocês oh

Como ele desmancha este ninho

 

Deseninha

Deseninha os caminhos...

 

  1.  Ele é Canito do fogo

Ele é filho de Satanás

Eu quero ver lá no inferno

Quem é que pode mais

 

  1. Eu fui ante-ontem

Para voltar ontem meu bom mestre

Eu cheguei lá Caí doente

Com a picada de uma cobra

Sei que eu não sou mais gente

 

Quem corta e capina

É meu bom mestre

E fui eu quem mandou cortar

Salve o mestre Odilón

Do Tronco do Juremá

 

Capinheiro

Corte meu capim assim

 

  1. Eu sou Manoel Maior

Lá do pé-da-serra

Eu venho triunfando

Venho vencendo guerra

 

A minha mãe me disse

Que eu não tenha medo

Eu sou um caboclo feiticeiro

O que é que eu vou temer

 

Bota na cuia que eu quero beber

E depois que eu beber o pau vai comer

 

  1. Eu destampei a minha panela

Eu vou soltar o meu mangangá

Enimigos tomem cuidado

Quando o mangangá chegar

 

Bezouro Preto

Bezouro preto é mangangá

 

Não querem que eu venha

Não querem que eu vá

Não querem que eu mande o bezouro prá lá

 

Eita bicho prá voar – É bezouro Mangangá

 

  1. Pisa, pisa,

Pisa no chão de maneiro

Quem não pode com a formiga

Não assanha o formigueiro

 

Pisa, pisa,

Pisa no chão devagar

Se não pode com o bezouro

Não assanha o mangangá

 

  1. É na fulo – ronca o bezouro

É na fulo – deixa roncar

É na fulo – ronca o bezouro

E este Bezouro é Mangangá

 

  1. Oh que cidade tão linda

É aquela que eu estou avistando

É a cidade de Capos-Verdes, senhores mestres

É a cidade de Tertuliano

 

E eu aviso aos senhores mestres

Que a minha cidade ela tem ciência

É de Ipanema, é de Ipanema

Tertuliano trabalhando na Jurema

 

E Ele me ordenou

para um dia eu trabalhar

Eis Tertuliano senhores mestres

Lá do Juremá

 

Olha lá Tertuliano

Os teus príncipes estão te chamando

Com os poderes de Jesus Cristo

Malefícios transportando

 

O menino está chorando

Na torrinha de Belém

Cala a boca menino

Que o recado vem

 

  1. Ele é Tertuliano

Morador da Gameleira

Matou gente e bebeu sangue

Só não saiu na carreira

 

Ele é Tertuliano

É morador dos Afogados

Na direita ele é bonzinho

E na esqueda é malvado

 

  1. Eu fui prá mata eu carreguei para o segundo andar

Eu ouvi um mestre dizendo

Anda ligeiro para agente triunfar

 

Eu fui prá mata caçar imbira

Eu só achei embira vermelha

Eu ouvi um mestre dizendo

O mestre João Ojá não trabalha em aldeia

 

Eu fui prá mata e cortei meu cipó

Eu torci bem torcido eu calado é melhor

 

Eu torci bem torcido....

 

  1. Estava no meio da mata

Quando ouvi uma cobra piar

Ela avisava a nós dois

O que ia se passar

 

Corte o pau machadeiro

Corte o pau bem devagar

Se não tiver bem cuidado

Um de nós dois vai ficar

 

Machado bravo corta

Machado bravo cortou

Arranque a rama e a raiz

Que Arranca-Touco chegou

 

Camarada bom

É um irmão do outro

Enquanto um corta o pau

O outro Arranca-Touco

 

  1. As estradas são suas

E os caminhos são meus

Mas sou eu Paulino

Em nome de Deus

 

Entre os vivos e os mortos

Eu não vou confiar

Mas sou eu Paulino

Lá no Juremá

 

Dá-me licença senhores mestres

Para Paulino trabalhar

 

  1. Comprei, paguei, tive pena

Foi na saída da fazenda

Que meu garrote urrou

 

Não tenho nada com isso

A vida é um suplício

Feliz de quem Deus marcou

 

Sou eu, sou eu

Manoel Quebra-Pedras, sou eu

 

Eu ando solto no mundo

E ninguém nem me pega

Com cada cada fumaça

É um tombo, uma queda

 

 

  1. Do Pina à Boa-Viagem

Os lapiões quem arrebenta sou eu

 

Sou eu, sou eu

Manoel Quebra-Pedras, sou eu

 

Eu ando solto no mundo

E ninguém nem me pega

Com cada cada fumaça

É um tombo, uma queda

 

Do Pina à Boa-Viagem

Um guarda quase me pega

Foi uma fumaça contrária

Mandada por Quebra-Pedras

 

Sou eu, sou eu

Manoel Quebra-Pedras, sou eu

 

Eu ando solto no mundo

E ninguém nem me pega

Com cada cada fumaça

É um tombo, uma queda

 

  1. Dou boa-noite meus senhores

Zum zum zum

Como vai, como passou?

Zum zum zum

 

Se meu pai é Juremeiro

A minha mãe a jurema

Diga, eu que quem sou?

Sou Quebra-Pedras curador

 

  1. Do Pina à Boa Boa-Viagem

Tem um farol que parece o dia

Aviso a todos vocês ohhhh

Que não se enganem com o farol do Matias

 

Sou eu Durval, correio do mundo

Meu saber é profundo

Nas ondas do mar

 

A Dona Chiquinha, ela me falou

Eu quero conhecer a fundura do mar

Pois sou mineiro, eu sou

Eu sou de Minas Gerais

 

Eu bebi Jurema, eu bebi Jucá

E olha lá malvado eu vou te derrubar

Sustenta o discípulo para não tombar

 

  1. Cidade minha,

Oh cidade minha

 

Mas o que faz o Sr. Mestre

Na cidade minha

 

  1.  Quem pisa macumba

Balança o dendê, oh cidade

 

Olha o dendê, oh cidade

 

  1. Eu sou de Alagoas

Eu sou de Alagoinha

Mas que pisada é esta oh mano?

A pisada é minha

 

A pisada é minha

A pisada é minha

 

Eu fui na lata de farinha

Eu fui no samburá de vara

Peguei uma piabinha, d’aquela pequinininha

Que na linha deu um nó

Que lá no mau não tinha

 

A pisada é minha

A pisada é minha

 

  1. Maribondo amarelo me mordeu

Na capela do olho e não doeu

Bote a canga no boi Sr. Zé Matheus

O ferreiro fez a foice e não bateu

Mas em todas paragens do mundo...

 

...Camarada leal só sou eu!

 

  1. Camarada, camarada

Camarada bom só eu

Camarada, camarada

Quem engana outro é judeu

 

Dá-lhe senhores mestres

Com cipó de caiumbinho

Com cipó de caiumbinho

Com cipó de caiumbinho

 

  1. Óh meu amigo, não repare o meu andar

Cambaleando sempre foi meu natural

Eu sou pau-d’água, sou um rei, sou coroado

E nas quitandinhas eu sou freguês consciderado

 

Nas quitandinhas eu sou freguês considerado

E os quitandeiros já não querem vender fiado

Chega o polícia e me dá ordem de prisão

Me leva preso e eu vou dormir na detenção

 

E as seis horas ninguém pode mais beber

Os quitandeiros já não querem mais vender

Eu gosto sempre de andar na minha linha

Trago no bolso sempre a minha garrafinha

 

Quando eu morrer quero na minha sepultura

Uma pipa cheia de aguardente sem mistura

Um encanamento que me leve até a boca

Em pouco tempo eu deixarei a pipa oca

Meu mestre me chamou e eu vim para trabalhar

Eu sou Sibamba e bebo cana, não prometo prá faltar

E com meu garrafão de pinga bebo aqui caio acolá

 

Estou pensando, no que vou fazer

O meu pensamento só está em você

 

Meu arerê meu arerê – Sibamba

Meu arerê meu arerá – Sibamba

É um mestre velho e feiticeiro – Sibamba

Que não promete prá faltar – Sibamba

Onde a sua força está – Sibamba

Está no Tronco do Juremá – Sibamba

 

Quebre-o-galho Sibamba quebre-o-galho

Quebre-o-galho Sibamba quebre-o-galho

 

Eu mandei chamar – Sibamba

Para trabalhar – Sibamba

 

  1. Na igreja do Juazeiro

Tem vinte e cinco janelas

Em cada janela um cruzeiro

Em cada cruzeiro uma vela

 

Na igreja do Juazeiro

Tem três castelos encantados

Um é feio, o outro é bonito

E o outro é malassombrado

 

Eu vou lhe dizer meu nome

Para você não se enganar

Eu me chamo Pedro Pau

Não mando, eu levo prá lá

 

Eh marimbadê

Eh marimbadá

 

  1. Tomando cana, tomando cana

Tomando cana meu guará tomando cana

Toma cana meu guará...

...meu guará tomando cana

 

  1. Eu pisei na rama e a rama estremeceu

Tem cuidado com a cachaça moreno

Quem bebeu morreu

 

Eu pisei na rama, eu tornei a pisar

Tem cuidado com a cachaça moreno

Para não se embriagar

 

  1. A cachaça é boa

É do pé da jarra

Aqui mesmo eu bebo

Aqui mesmo eu caio

E aqui mesmo eu me levanto...

...sem dar trabalho

 

  1. Sibamba no mundo

Que vida é esta tua?

É tomando cachaça e caindo na rua

 

Sibamba no mundo

o que vai fazer?

Ele vai para a barraca, ele vai beber~

 

  1. Oh meu irmão

Ele é mano meu

Cadê meu irmão

Que não vem sabar mais eu

 

  1. Eita Menino

Sibamba está na terra

Em cada ponta, uma linha

Com cada fumaça uma queda

 

  1. Eu fui a lagoa de baixo

Eu comprei um sapato

Por cuatro e quinhentos

 

A força quem dá é o motor

Entregando a Nestor

Ele sopra no vento

 

  1. Em Gravatá em eletricidade

E ninguém sabe quem foi que botou

 

Foi um bom mestre

Que veio da Alemanha

E os enimigos me apanham

No pé do motor

 

Enimigo me apanha...

 

  1. Oh zimzimzim

Eu sou um torto malvado

Eu matei pai e matei mãe

Nas ondas do mar sagrado

Eu sou da umbanda

Eu sou da quibanda

Eu sou Pau-Torto da encruzilhadas

 

  1. Estou saudando, estou chamando

o bom mestre das Aroeiras

que tanto mata, como cura

como deiza na poeira

 

no meu sino Salomão

tem um verme encarnado que encarnou

Aroeira é mestre, é bom mestre

Aroeira é mestre curador

 

Que sustenta os seus filhos na jurema

E sustenta os seus filhos no Nagô

 

  1.  Eu sou Coquinho-Vermelho

Que mora na beira da praia

E no lugar que eu arreio

Os catimbozeiros trabalham

 

Eu já afirmei o meu ponto

Na mata do cipuá

O meu nome é tira-mandinga

E arrebenta-patuá

 

Catimbozeiro medroso

Não tenha medo de nada

Só tenha medo da morte

E da Jurema sagrada

 

Pontos cantados para os Boiadeiros

 

  1. Manoel Bigodão

Traz na mão a sua guiada

Na vida material, senhores mestres

Foi bom tocador de gado

 

Tocou muito gado

Tocou muita gente

Na vida Bigodão, senhores mestres

Nunca encontrou valente

 

  1. A menina do sobrado

Mandou um recado por seu criado

Eu mandei dizer a ela

que estou vaqueijando o meu gado

 

Auê boiadeiro

Eu só gosto do samaba rasgado

Auê boiadeiro

Estou vaquejando o meu gado

 

  1. Chetu-ê chetu-á

Corda de laçar meu boi

Chetu-ê chetu-á

A corda do meu boi laçar

 

  1. Sambá, eh samba meu

Samba meu samba de Angola

Samba meu eu quero sambar

 

  1. Nos cachos de seus cabelos

Nos cachos de seus cabelos

Eu bebi água de gravatá Sr. Boiadeiro

Eu bebi água de Gravatá Sr. Boiadeiro

 

Eh eh eh boca-da-mata

Deixa o boiadeiro passar boca da mata

 

  1.  Eu estava na beira da praia, meu mano

Eu estava levando sereno, meu mano

Se não me der uma bicada, meu mano

Seu samba não vai prá frente, meu mano

 

Devagar com a louça

Tome cuidado prá não se quebrar

Bem de vagar

 

  1. Sr. Boiadeiro por aqui choveu

Sr. Boiadeiro por aqui choveu

Choveu choveu que alagaou

Foi tanta que seu boi nadou

 

Foi tanta água que seu boi nadou, Sr. Boiadeiro

Foi tanta água que seu boi nadou

 

  1. Zingo lelê auê Caiça

Zingo lelê é de sangue real

Mas eu sou filho eu sou neto da Jurema

Zingo lelê auê Cauiça

 

Cauiça é um rei

É um Orixá

 

  1. Na serra da Borborema

Onde a onça traquejava

Se eu morasse no pé da serra

Se visse a onça eu matava

 

Minha serra, minha terra

Ela lá e eu aqui

Eu só a Dues do céu

Que me bote onde eu nasci

 

 

Pontos de demanda

 

  1. Eu estava na beira da linha

Fazendo macumba quando o trem passou

Me jogaram um balaio de martelos que vio do inferno

Que o diabo mandou

 

Pau-Ferro

Pau martelou

 

Pau martelou Pau-Ferro

Pau martelou Pau-Ferro

Pau martelou Pau-Ferro

A pisada é esta, é Pau-Ferro

 

E a lapada que eu dou – de vagar

Faz o nêgo chorar – devagar

Fumaçada que eu dou – devagar

Faz o negô chorar – devagar

 

Pau-Ferro...

 

  1. Eu estava na mata

Limpando o meu terreiro

Mandei chamar o mestre Pau-Ferro

Matador de feiticeiros

 

  1. Na direita eu sou o ferro

E na esquerda eu sou o aço

Já chegou o mestre Pau-Ferro

Para tirar todos embaraços

 

  1. Atirei num pombo roxo

Mas matei uma ajurity

A carne é pouca

O que é que eu faço moço?

É pena prá dividir

 

Diga denovo – pena prá dividir

Eu não ouvi – pena prá dividir

Diga outra vez – pena prá dividir

 

Pau-Ferro....

 

  1. Casa de palha é munquifo

Se eu fosse o fogo eu queimava

Os catimbozeiros medrozos

Se eu fosse a morte eu matava

 

  1. Eu quero ver se a lenha é forte

Se o serrote não serrar

 

Mas serra serrote

Serrote serrá

 

  1. Andorinha preta

Onde é teu ninho

É no pé da carrapateira

É na casa do mau-vizinho

 

  1. Se correr morre

Se ficar apanha

Eu vou botar meus enimigos

Em uma casa de aranha

 

  1. Quando eu morrer

Quando eu morrer

Pegue os meus axés

e plante no cruzambê

 

para não chorar

para não sofrer

para não chorar, meu irmão

plante no cruzambê

 

  1. Foi uma festa muito grande

No dia que eu me passei

Mas alguém chorou....

 

...Foi um recado que eu deixei

 

  1. Amigo brinque direito

Para não se atrapalhar

A minha esquerda é pesada

Eu gosto é de malvadar

 

Eu sou muito previnido

Com três penas de urubu

Eu trabalho com bicho da loca

Que é o sapo cururu

Equando eu estir perdendo

Eu solto o diabo atrás de tu

Corre moleque...

 

...Com o diáboa traz de tu

 

  1. A minha pedra é preta

Mas não cria lodo

Eu quero ver sabido e bom

Na casa dos outros

 

  1. É Anjico-Preto,

É anjiricó

E eu só me acho satisfeito

Na mesa do catimbó

 

  1. É hoje mamãe é hoje

O dia do meu baptizado

Se eu não vencer com Jesus Cristo

Eu venço é com seiscentos diabos

 

  1. É com seiscentos diabos

É com seiscentos diabos

A macumba só é boa

Com seiscentos diabos

 

  1. Jararaca Cainana

Que atravessou o meu caminho

De perto me queres bem

E de longe falas de mim

Oh jibóia...

...Cobra-Tamanduá

 

  1. Língua ferina

Que não se cansa de falar

Cuida mais de tua vida

deixa a minha em meu lugar

 

  1. Toda língua que fala o que não vê

Tem que ser torrada no dendê

Toda a língua que fala o que não é

Tem que ser cortada pelo pé

 

  1. Você tem despeito de mim

Pois não se conforma com o que Deus lhe deu

Mas se amanhã você seja feliz

Tenha certeza que os axés são meus

 

  1. Sustenta o ponto meu mestre

Que é da Jurema não caí

Quando eu chamr você vem

E quendo eu mandar você vai

 

  1. A minha terra é muito longe

O meu gongá é na Bahía

Quando precisar me chame

Sou Manuel Coché

O coveiro da Bahia

 

Oh dá-lhe dá-lhe

Na canela da defunta...

 

  1. Andei por muitas milhas

Descalço com os pés no chão

Pedindo a Deus poderoso

Para me dar a proteção

 

Me jogaram de casa prá fora

E não me deram o endereço dela

Eu vou quebrar osso por osso

E vou jogar dentro da panela

 

Cozinha fogo...

...os ossos dela!

 

  1. Comigo ninguém pode

Só Deus e mais ninguém

Sou eu Antonio Pereira

Eu nunca fiz mau a ninguém

 

Num dia de quarta-feira

Eu fui a mata caçar

Cacei pinica-pau

Que é pássaro bom prá pinicar

 

Mas caçador quem foi

Quem mandou você caçar

Caçador quem te mandou

Você matar meu sabiá

 

  1. Sabiá cantou na gaiola

Meu mestre eu quero meu camaleão

 

Prá trabalhar - quero meu camaleão

Para assoitar - quero meu camaleão

Para afirmar- quero meu camaleão

Para derrubar - quero meu camaleão

 

  1. Ciência, não se encontra

Em qualquer lugar

É um dom que Deus dá

Quando agente nasce já traz

 

Meu amigo, minha amiga

Não faça o que o outro faz

Que aí você se atrapalha

Porque quer saber demais

 

  1. Disseram que esta casa não prestava

Que os senhores mestres só desciam prá beber

O que eles não sabem, é o valor que eles teem

Os senhores mestrem não fazem mal a ninguém

Só fazem o bem

 

  1. Chora menino

E te cala José

Os senhores mestres vem agora

Com a força de Lúcifer

 

  1. Eu vou subir lá na serra

Eu vou saudar uma Jurema pesada

Eu vou saudar o meu pai Benedicto

Eu vou saudar a encruzilhada

 

Nagô nagô nagô

Na Bahía tem Xangô

 

Na Bahía de meus sonhos

A água do mar serenou

Abalando a cidade

É de Benedicto nagô

 

  1. Sou eu Juremeiro

Nêgo velhor da Bahía

Eu sou um baiano velhor

Trabalho na baixa-magia

 

Eu bebo Jurema,

E o aguardente eu bebo mais

Com liambas e maconhas

Eu resolvo os meus trabalhos

 

Eu vim da Bahía

Atravessei o oceano

Me sustente esta gira

Sr. Augusto Baiano

 

  1. Óh Julho Gomes

Vinde vinde me acudir

Nesta agonia, neste vexame

Que eu me acho aqui

 

Meu coração é de ouro

Minha lança é de prata

E a minha semente

É de chumbo, é um rei

Onde vai deixa marca

 

Venha meu mestre, venha me ajudar

Vou chamar o bom mestre

Lá do Juremá

 

  1. Valei-me Cristo

No morro não há igual

É ele Antonio da Palha

Perigoso marginal

 

Pego pássaro na arrevoa

Puxo cobra pelo rabo

E cururu piso de pé

 

Eu sou filho da maconha

E querido das mulher

 

Eu fumei maconha

Eu fumei maconha

Eu fui assaltante da rua da Gama

 

  1. Setenta anos,

eu passei no pé da Jurema

Mas eu não tenho pena

de quem me faz o mal

 

Se eu me zangar

eu boto fogo no rochedo

O meu cachimbo é um segredo

Desta vez vou me vingar

 

Se eu vim de lá de lá

Foi com ordem do Criador

Eu sou mestre, eu sou Juremeiro

Na santa paz do Senhor

 

Eu sou mestre, sou Juremeiro...

 

  1. Eu bem que lhe disse

Que não duvidasse

Que do povo da Jurema

Ninguém zombasse

 

  1. Meia-noite canta o galo

Dizendo Cristo nasceu

Sou eu João da Cruzada

João da Cruzada sou eu

 

  1. Fizeram um despacho

Na encruzilhada para me derrubar

Mas não adianta, não adianta

Que eu também sou de lá

 

O meu pai é Ogum

O meu pai é Ogum

A minha mãe é Iemanjá

Tenho um compadre na gira

Que é gavião e ele vai me ajudar

 

Você vai penar....

 

  1. Eu entrei de mata à dentro

Eu fui saudar, a Gavião-Preto da Mata

 

E o meu pai é – Gavião-Preto da Mata

 

Sarava Gavião, sarava gavião – Gavião-Preto da mata

 

  1. Cuidado amigo

Que ele é um exu na mata

Não zombe amigo

É Gavião-Preto da Mata

 

Deseninha

Deseninha Gavião

 

  1. Ele é Gavião, ele é passo bom

Ele não tem mendo de passar ninguém

 

Ele é bom mestre, ele é Juremeiro

Mas do que ele não tem

 

  1. Na Bahía da atração

Deus vos salve meus irmãos

Que eu venho aqui lhes visitar

Preste atenção no que eu digo

Eu aviso aos meus amigos

Quem pisa em terra alheia

Pisa no chão devagar

 

Em terra alheia...

 

  1. Eu sou dente de tubarão

As barbatanas da baleia

E aviso aos amigos

Que se acham em terra alheia

 

Em terra alheia....

 

  1. Aqui é a minha casa

Aqui é meu ilê, aqui é o meu gongá

Eu aviso ao sr. Moço

Quem pisa em terra alheia Sr. Moço

Pisa no chão devagar

 

Em terra alheia...

 

  1. Na mata vuou

O meu lindo beija-flôr

Você me chama prá macumba

Mas na macumba eu já estou

 

Figurão

Pisa macumba no chão

 

  1. Lírio cheiroso

É o lírio de Manaus

E quanto mais o lírio cheira

Mas o trunfo é pau, é pau, é pau

 

Mas o tunfo é pau...

 

  1. O carroceu gira no ar

E o peão roda no chão

Enimigos e mal-fazejos

Vão rodar na minha mão

 

Vão rodar, vão rodar....

 

  1. Eu estava na minha cidade

Para que mandaram me ver

Mas quem tem manda

E quem não tem vai aprender

 

Eu estava na minha cidade

E para que me mandou chamar

Quem dever me apanha

Quem dever vai apanhar

 

Quem me dever...

 

  1. Eu já plantei uma semente

No quintal de um macumbeiro

Ele trabalha noite e dia

E eu trabalho o ano inteiro

 

  1. Cego é quem não enxerga

por uma cerca de vara

não há quem cuspa prá cima

que não lhe caia na cara

 

  1. Eu entrei de mar a dentro

Com a minha barca dourada

Não julgue a vida dos outros

para a sua não ser julgada

 

 

 

Côcos de roda

 

  1. Mas olha o côco do para-cupaco

Papagaio

Olha o côco do para-cumé

Papagaio

Eu não troco, não vendo nem dou

Papagaio

Eu não troco, não vendo, nem dou

 

  1. Eh piaba, eh piaba

Que piaba danada prá nadar

 

É piaba fêmea, é piaba macho

É piaba em cima, é piaba em baixo

 

  1. Andrelina, Andrelina

Eu tenho meu amor que é empregado na usina

 

Que empregado na usina

E que trabalha com vapor

Trabalha com gasolina

É empregado da usina

 

  1. Em Mangueira eu não vou mais

Porque lá eu deixei pena

Por causa de uma morena

Que os olhos dela me atrái

 

Eu sou um filho sem pai

Meu coração é de todos

O meu pranto é silencioso

Ai chorai meus olhos

 

Chorai...

 

  1. O povo de Itapissuma

Tem uma sorte mesquinha

No meio de tantos peixes

Mataram logo a Tnunha

 

Depois da Tuninha morta

Estremeceu e gemeu

Corriam lágrimas dos olhos

Quando a Tuninha morreu

 

  1. Eu vou parar de fumar

E de tomar aguardente

Eu vou ser da lei de crente

De Deus do céu me ajudar

Eu vou ser crente da Baptista

Ou então da Petencostal

 

Eu comprei garrafa de cana

Levei para o padre benzer

O sacristão olhou e disse

Que na batina do padre tem dendê

 

Tem dendê, tem dendê...

 

  1. Eu mandei chamar um bom mestre

Para encorar o meu zabumba

Pois a festa em Gameleira

É sábado, domingo e segunda

 

A festa em Gameleira...

Pontos Cantados de Mestras de Jurema

 

 

  1. Ò jarê

Ò jarê-ô

Ò jarê, senhoras mestras oro

 

  1. Está iluminada a nossa gira

Está cheio de flores o meu Gongá

Senhoras mestras vejam o que eu faço

Senhoras mestras iluminem o caminho

Por onde eu passo

 

  1. Eu tenho um trancelim de ouro

E a chuva fina não me molha

E se você não me quiser

Outros querem e você chora

 

  1. Abram estas portas e estes caminhos

Que é para muitos brotinhos

com corocoxô entrar

 

eu quero perfume

eu quero cerveja

prepare a mesa que Paulina chegou

 

e ela traz prá você

muita paz e muito amor

 

  1. Paulina, vem ver

O teu palácio

Todo enfeitado prá você

 

O teu palácio está florido

O teu palácio tem palmeiras

Você é minha rainha,

Amiga, mestra e feiticeira

 

  1. Cruzeiro mestre divino

Num trono estás assentada

Eu estou saudando estou

A Paulina da vida rasgada!

 

No pé da palmeira

Paulina sentada

Ela é Paulina

A mulher da vida rasgada

 

No pé da palmeira

Tem dois cabarés

Paulina gosta de homem

É a protectora das mulheres

 

  1. Tá tá tá

Ela é Paulina

Ela é demais

 

  1. Tim tim tim é flôr do mar

Tim tim tim é flôr do mar

Estou saudando estou

A Paulina da vida rasgada

Ó da vida rasgada

 

  1. Vem cá, vem cá Paulina

Me faz este catimbó

Mostra a tua força de mestra

A primeira de Maceió

 

Eu quero é Paulina –da vida rasgada

Prá me ajudar – Paulina da vida rasgada

 

  1. Paulina não devia beber

Paulina não devia fumar

Pois a sua fumaça

Ela é de ventania

E a sua cerveja

É a espuma do mar

Salve Paulina…!

 

  1. Lá dentro de Maceió

Tem uma zona maluca

Lá dentro de Maceió

Paulina foi mulher só

Lá dentro de Maceió

Paulina foi mulher só

 

  1. As flores que eu plantei foi prá Paulina

As flores que eu plantei foi prá Paulina

 

Paulina, mulher rica e faceira

Me ajuda mulher guerreira

Nas horas que eu precisar

 

Me ajuda mulher guerreira…

 

  1. É de melão melão – sabiá

É de bananeira – sabiá

Mestra Paulina é boa – sabiá

Mas é bandoleira – sabiá

 

Estou amando, estou amando – sabiá

A folhinha do capim – sabiá

Estou amando a um neguinho – sabiá

Do cabelo pichouim – sabiá

 

Estou amando estou amando – sabiá

A folhinha do dendê – sabiá

Estou amando a um casado – sabiá

Sem a mulher dele saber – sabiá

 

Se você quer vamos – sabiá

E não se ponha a imaginar – sabiá

Quem imagina cria medo – sabiá

E quem tem medo não vai lá – sabiá

 

Carrapateira miudinha – sabiá

Rasteirinha pelo chão – sabiá

Eu vou pedir a mestra Paulina – sabiá

Para amarrar o teu coração – sabiá

 

  1. Lá no céu tem uma estrela que alumeia

Que alumeia, que ilumina o mar

Que alumeia, que clareia os oceanos

Que clareia os oceanos e todas cidades dos ciganos

 

  1. Oh Joana D’Arc

Oh virgem soberana

Dá-lhe força e mais poder

A Paulina dos ciganos

 

Ela é cigana velha

Ela é cigana velha

Das correntes do Egipto

 

Ela vai ler a sua mão

Ela vai ler a sua mão

E vai dizer o seu destino

 

Vai dizer o seu destino

Vai dizer o seu destino

Ela vai falar do seu amor

 

Vai falar do seu amor….

 

  1. Quem prometeu

E a mim não me deu

Olhe pra trás e veja quem sou eu

 

Quem quer beber quem quer fumar

Quem quer amar

Faça assim como eu

 

E quem quer amar….

 

  1. Quando a água do mar leva

Quando a água do mar traz

Quando a água do mar vir

Traz meu amor para mim

 

Não seengane não se engane

Com a choreta que eu fizer

Não se engane não se engane

Que Paulina é muito mulher

 

  1. Eu só vim aqui ó Paulina

Pela tua fama

Pela tua fama Paulina

Pela tua fama

 

 

  1.  Coroada, coroada

Coroada por meu Deus

Mestre dos mestres, ai ai meu Deus

Só existe um que é Deus!

 

Que campos tão verdes

Vejo o meu gado todo espalhado

Estou na mesa da Jurema

E venho juntando o meu gado

 

Meu Deus valei-me

Aqui nesta ocasião

Sou eu Maria Luziária

A princesa do mestre João

 

Eu venho de galho em galho

Eu venho pousando de flor em flor

Sou eu Maria Luziária

A primeira mestra do mundo

 

Eu soltei o meu cachorro no mato

E meu cachorro se chamava leão

Eco eco eco meu cachorro

Cauã cauã cauã

 

Cadê meu colar de ouro

Que um homem casado me deu

Na passagem da Jurema

O meu colar se perdeu

 

Perdeu, perdeu, perdeu

Eu só não perdi a fama

Que o macho me deu…

 

  1. Amarelou amarelou

E a flor da Jurema é Luziária

Todo mundo pergunta quem é ela

É a flor da Jurema, é Luziária

 

  1. Luziária, vem cumprir

Com a tua sina

É bebendo água de coco

E tomando banho na praia do Pina

 

  1. Era uma noite de Luar

Com uma lua prateada

Lá no céu brilham as estrelas

Mas neste ilê brilha Maria Luziária

 

  1. Quando Deus andou no mundo

Uma luz lhe acompanhou

Eu não sabia que era ela

A dona do meu amor

 

Foi passada com quinze anos

Dentro da rua da Guía

Eu vou lhe dizer seu nome

Ela se chama é Ritinha

 

Ela foi para a sua mãe

Uma filha querida, adorada

Mas por não ouvir os seus conselhos

Levou sete pecheiradas

 

As amigas lhe chamavam

Mas era tudo prá malícia

E na hora do seu enterro

Só quem foi, foi a polícia

 

No dia do seu enterro

Naquele negro caixão

As despeitadas diziam

Descansei meu coração

 

O dia do seu enterro

Foi um dia de alegrias

Todos os homens choravam

E as mulheres sorriam

 

A Jurema quando nasce

A ciência ela já traz

Eu só peço aos discípulos dela

Que obedeçam aos seus pais

 

E me sustenta o ponto

E não deixa cair

Que Ritinha chegou

Mas não é daqui.

 

  1. Ritinha levante a saia

Ritinha dê sete nós

Pois debaixo da tua saia Ritinha

Tem catimbó

 

  1. Com quinze anos de idade

Ela foi passear no Apolo

Gostou de um marinheiro

Que se chamava Josué

 

Por causa deste marinheiro

Ela mesma se matou

Com duas duas navalhadas

Os seus pulsos cortou

Mas o culpado disto tudo…

…Foi Josué!

 

  1. O mar pediu a Deus peixe

E os peixes pediram fundura

O homem a liberdade

A mulher a formosura

 

Dizem que amar vem de sorte

E sorte só é para quem tem

E como eu não tenho sorte

Eu não devo amar a ninguém

 

Eu joguei o meu anzol n’água

Eu botei a linha bem forte

A linha no meio partiu-se

Triste de quem não tem sorte

 

Mas o culpado disso tudo…

…Foi Josué

 

  1. Cadê seu anel de pérola

Cadê o seu anelão

Que Ritinha ganhou de um macho

Na zona de Ribeirão

 

  1. Chorar prá quê

Se a hora já chegou

Chorar prá que se Jesus já me chamou

O que fazem com as mãos

Eu desmancho com os pés

Sou eu Ritinha

A rainhas dos cabarés

Corar prá que?

 

  1. Eu vou beber, vou farriar

Para a polícia me chamar

Eu moro em Casa Amarela

Lá nas Sete Encruzilhadas

E quem quizer saber meu nome

Sou eu Maria Navalhada

 

Vai pró Japão jandaia

Vai pró Japão jandaia

Que este ponto afirmado

É de navalha….

 

  1. Ó Anália,

Cadê Maria Navalha?

 

Ela é moça bonita

Que se veste com sete saias

Eu procuro mas não vejo

Cadê Maria Navalha

 

  1. Eu vinha pelo caminho

Quando encontrei aquela mulata assanhada

 

Mas ela é

É da vida rasgada

Mas ela é

É Francisca falada

 

  1. Ela não é curandeira

Mas trabalha com erva moura

 

E para quem quiser saber seu nome

Ela é Maria Leonoura

 

  1. Na rua das marguras

Onde a mestra Leonoura morava

Ela chorava por um rapaz

Ela chorava por um rapaz

Ela chorava por um marinheiro

Que não lhe amava

 

  1. Ela não é feia

Mas também não é bonita

E na verdade Leonoura é

A verdadeira rapariga

 

  1. Assoita, assoita

E vira os pontos que quero ver quem é

 

Ela é Joana Pé-de-Chita

A rainha dos candomblés

E o que fazem com as mãos

Ela desmancha com os pés

 

  1. Os meus passarinhos estão cantando

Alegres no meu jardim

Pedindo um conforto

Para todas as minhas amigas

Neste salão de Ananí

 

Deus abençoe a estes homens

Me repare quem quiser

Pois o homem ganha dinheiro, minhas amigas

Prá dar dinheiro a mulher

 

Eu amei e foi amada

E ainda tenho quem me quer

Pois mulher para ser mulher da vida, minhas amigas

Tem que saber ser mulher

 

  1. De João Pessoa

Ela governou a Paraíba

Foi lá que ela perdeu a vida

Morreu no Hotel da Condessa

 

Cara conheça

Que ela não é condessa mole

E quem com muitas pedras bole

Uma lhe cai na cabeça

 

  1. Maria agoi o jardim

Meu pé de lírio morreu

Maria agoi o jardim

E trate de mim que eu sou teu

 

Na passagem do riacho

Maria me deu a mão

E prometeu a Zé da Pinga

Que lhe dava um garrafão

O prometido é devido

É chegada a ocasião

 

  1. Chora, chora menina

Porque chorar sempre foi a tua sina

Mas agora tu tens alguém prá te ajudar

Tu confias em Jercina

E a tua vida vai mudar

 

Chora, chora menina

Porque chorar sempre foi a tua sina

Eu já chorei, agora não choro mais

Por causa de um homem que me passou prá atrás

 

  1. Que noite tão linda

Nesta farra de amor

Ela é Tarciana, que vem bebendo com seus machos

E relembrando o seu amor…lá lá laia laia

 

  1. Ela é Maria Luiza

Lá da rua da Guía

E com uma esteira e um candeeiro

Ela fazia o que queria

 

Ela ganhava em uma esquina

E levava para uma barreira

Maria Luísa é aquela

Que carrega uma esteira

 

Maria Luísa é aquela…

 

  1. Mas que noite linda

É a noite de lua cheia

O sol saindo e eu aplaudindo

Admirando a Natureza

 

Ora iê iê iê iê iê-ô

Arro boboi oxumarê

Ora iê iê iê iê iê-ô

Como é bonita a natureza!

 

  1. Foi no primeiro do ano

Na casa de um camarada

Eu vi duas baianas na estrada

Correrem para casa chorando

 

Mas o acaso não foi engano

Eu bebo até lascar o cano

E quero me casar com ela

Moreninha ó

Eu sou louco por você

 

  1. Eu ando bebendo

De madrugada

Pelas calçadas só para te esquecer

 

A nossa amizade já não adianta

Água demais mata as plantas

E eu não consigo te esquecer

 

  1. Eu bebo porque tenho cabeça

Mas só vou pra casa

Quando o cabaré se fecha

 

Eu tenho amigos bons

Eu tenho amigos ruins

Eu tenho amigos bons

Mas o cabaré ficou pra mim

 

Eu bebo, porque estou bebendo

Se você bebe é porque sabe o que está fazendo

 

Eu não tenho amigo bom

Eu só amigo ruim

Eu não tenho amigo bom

Mas o cabaré ficou prá mim

 

Mas se aquele homem bom

Chegasse aqui agora

O cabaré se fecha

E não vou prá casa agora

 

O cabaré se fecha….

 

  1. Eu vou me vingar de teu amor

E vou fazer você chorar por mim

Você zombou de quem não merecia

Agora sofre viva a sua agonia

 

Eu vou me vingar….

 

  1. Eu tenho o seu nome gravado

Em meu “sino” Salomão

E tenho seu nome debaixo de meu pé

O seu coração preso na minha mão

 

  1. Você dizia que me amava

E porque me abandonou?

O seu amor é pedaço de papel

Que caiu na água e se molhou

Arranje um outro amor que o meu acabou

 

  1. Mulher, mulher

Eu não tenho medo do teu marido

 

Se ele é bom na faca eu sou no facão

Se ele é bom na resa eu na oração

Se ele diz que sim eu digo que não

Se ele é Virgolino eu sou Lampião

 

Mulher, mulher

Quanto mais carinhosa

Mais falsa ela é

 

  1. Ah! Como é triste a minha vida

A vida de uma mulher sozinha

Na porta de um cabaré

Pedindo um copo de cerveja

 

Um dá o outro não dá

Um quer o outro não quer

É um só para me amar

E cinquenta prá me conhecer

 

  1. A sua vida era senta em uma mesa

Muita cerveja e cigarros para fumar

Homens e mulheres

Alegremente lhe aplaudiam

Juliana cantava e sorria pois ela quer paz

Onde ela chegar

  1. Baculejou baculeja

Baculejou baculeja

  •  
  •  

 

Quando a maré baixar

Eu vou ver Juliana

Eu vou ver Juliana êh

Eu vou ver Juliana ah!

 

  1. Semente de maravilha

Que eu tenho na cidade plantada

Sou eu a mestra Georgina

A filha de um rei coroado

 

Campos verdes e águas claras

E muitas flores no meu jardim

São saberes e são ciências

São passados que pertencem a mim

 

Eu venho saudando a mesa mestra

Eu venho saudando os príncipes mestres

E os discípulos que nela estão

 

Mas eu vim prá cidade e eu não vim brincar

Eu vim pra cidade para trabalhar

 

  1. Sou eu, sou eu

Sou eu que cheguei agora

Sendo eu a mestra Paulina

A feiticeira do rei de Angola

 

Salve Georgina no ataê

Salve Georgina no ataá

E quando ela chega na macumbebê

Na macumbebê na macumba arriá

 

É na macumbebê…

 

  1. Georgina tem

Tem cinco dedos em cada mão

Tem cinco dedos em cada pé

Gosta de homem e de mulher

 

  1. Ana, óh Ana

Óh Ana das encruzilhadas

Ela protege a mulher sozinha

Ela ajuda a mulher casada

 

Mas é por isso

Que eu digo, eu repito minha amiga

Salve Ana das Encruzilhadas

Ó Ana

 

  1. Mas olha a saia dela menino

Olha a saia dela menino

Olha a saia dela menino

Como é liberal

 

Como é liberal, como é liberal

Olha a saia dela menino

Como voua solta no ar

 

  1. Uma voz chamou á minha porta

E era voz misteriosa a responder

Era um alguém que me chamava de amorzinho

Precisava de um carinho

E que outrora já foi meu…

 

  1. Você tem despeito de mim

E não se conforma com que Deus lhe deu

Mas se amanhã você seja feliz

Tenha certeza que o axé foi meu

Foi meu!

 

  1. Não disfarça de mim

E nem me queira experimentar

Não disfarça de mim passe você para meu lugar…

 

…você sabe que eu fui puta

Sim, fui mulher de cabaré

Mas não disfarça de mim

Passe você para o meu lugar

 

  1. Eu estava dormindo

Me acordei

Eu li tu carta, vi teu retrato e chorei

 

Óh mulher deixa o homem se virar

Toma cana e manda brasa

Quem é casado não casa

Mas tem direito de amar…

 

  1. Com meus cabelos loiros

Nos ombros arriados

Sou eu Maria das Campinas

Maria das Campinas sou eu

 

Mas eu vim pra cidade

E não vim brincar

Eu vim pra cidade para trabalhar

 

  1. Eu estava na beira do cais

Quando o meu navio apitou

Brincando com as tartarugas, ai meu Deus

A Júlia Galega sou eu

 

Coragem meus marinheiros

Coragem para trabalhar

O meu navio está no porto , ai meu Deus

A Júlia galega sou eu

 

Marinheiro olha a onda

E não vá se descuidar

Porque moça bonita lá no mar não tomba

Mas tombam marinheiros com a pancada do mar!

 

 

Pontos de despedida de mestras:

 

  1. Ela vai embora e todo mundo chora

E vai soltar o seu papagaio

Que está preso na gaiola

 

  1. Casa dos outros não é boa moradia

Bem que eu lhe dizia

Que eu vou…

…Pra rua da Guía!

 

  1. Adeus, eu vou-me embora

Chegou a hora de quem gosta de mim

Eu sei que tu choras

Mas o teu pranto um dia vai ter fim

Adeus eu vou-me embora