Obá Tòwgún (Arnaldo Burgos)

Obá Tòwgún (Arnaldo Burgos)

Babalorixá

Obá Towgun - Rei Guerreiro

Orixá Orí Oiá (Inhasã)

Juntó Xangô

Iniciado em 02/11/1990

Filho de Oxá Oluámì (Marcos Cabral / Marquinhos de Oxalá)

Neto de Omim Sulá (Roberto dos Santos Miranda / Betinho de Oxum Apará)

Bisneto de Iá Tokui

Trisneto de Vincente Goveia (Bankolé) Legítimo negro Nagô

Técnico em Raios X / Empresário

Correio electrónico: obatowgun@gmail.com

 

Um Pouco da história de vida:

 

Obá Tòwgún

 

                Arnaldo Gomes Burgos Filho, nascido em Recife  ao 29 de Agosto de 1971, filho de Arnaldo Gomes Burgos e Sílvia Lúcia de Arruda Beltrão, desde que tem memória participava de reuniões espíritas em casa de seus avós maternos Astrogildo de Holanda Beltrão e Dalva de Arruda Beltrão. Ao seu nascimento, as citadas reuniões já existiam a quase três décadas. Reuniões espíritas baseadas nos ensinamentos de Kardek, reunia amigos e familiares para o atendimento sem nenhum ânimo financeiros de pessoas necessitadas de ajuda espiritual.

            Neste ambiente cresceu Arnaldo, convivendo com os mais diversos tipos de mediunidade e mediunismos, sessões espíritas, desobsessões, reuniões de caridade, etc. Ao dez anos de idade já ministrava palestras no grupo jovem da “Casa do Caminho”, bem como era responsável pela evangelização e distribuição “dos pães das vovozinhas”.

            Alguns anos depois deste período ingressa no curso normal no Colégio Oliveira Lima (para a realização do então denominado primeiro ano científico) onde em uma de suas explanações sobre o espiritismo (levava os ensinamentos espíritas com orgulho onde fosse, inclusive ao colégio) desperta a atenção e curiosidade de um colega de classe, Marcone Bezerra Félix da Silva, que por sua vez, convida-lhe para prestar qualquer ajuda que lhe fosse possível ao marido de sua empregada doméstica que, lhe havia sido diagnosticado um aneurisma cerebral e, segundo ele mesmo menciona lhe havia dado uma perspectiva de seis meses de vida.

            Neste encontro Arnaldo aos seus treze anos anos de idade, motivado pela amizade e confiança depositada em seu amigo Marcone, se dispõe a realizar a sua primeira reunião mediúnica só, sem a assistência dos familiares e amigos do Centro espírita a que frequentava desde sempre. Quando surge o seu “protetor” Takimá, este determina que os problemas que causam a debilidade da saúde do senhor Manoel nada mais era que os efeitos de uma mediunidade não assistida e diz-lhe: “Caso não trabalhes, casos não te esforces em crescer espiritual e moralmente, esta obsessão matar-te-a!”

            O Sr. Manuel, alegando a sua ainda frágil saúde e toda dificuldade económica a que vivia, não poderia participar das reuniões no centro espíritas, não podendo sequer custear as passagens necessárias para ir e vir a tais reunuiões semanais, pedindo então a Arnaldo que, pelo menos até que ele estivesse melhor fisicamente que ele lhe fizesse visitas semanais para a leitura do evangélio (segundo o espiritismo) e a orientação e esclarecimento do mesmo, e assim o fizeram. Entretanto, estas reuniões que começaram de forma discreta, familiar, crescia rapidamente chegando ao ponto de que as consultas as entidades começaram a ser agendadas para uma melhor organização.

            Neste mesmo período, muda-se para duas casas depois de Sr. Manuel, um centro de Jurema cujo dirigente já muito experiente e bastante conhecido no meio (Guttemberg Gomes de Oliveira) toma conhecimento das reuniões ocorridas e surpreende-se com a idade de seu dirigente (Arnaldo) com sues catorze anos de idade e convida-lhe para uma reunião em seu centro, que por orientação do Sr. Manuel recusa. Já que segundo o Sr. Manuel a Jurema nada tinha que ver com o espiritismo de Kardek, já que estes de igual maneira praticavam o bem e o mal. Arnaldo atende o pedido do recente amigo com a condição de este o levasse a uma reunião similar, já que a situação despertara-lhe a curiosidade. O Sr. Manuel aceita o acordo levando-lhe posteriormente a casa de D. Zefinha de Zé Pilintra, sendo Arnaldo acompanhado de seu irmão mais novo Adrius Beltrao Burgos, um amigo chamado Paulo e do próprio Sr. Manuel.

Chegando lá a decepção era notória na cara de Arnaldo, já que além da chegada do Centro de Jurema de Guttemberg, nesta altura passava na televisão uma série chamada Tenda dos Milagres, baseada na obra de Jorge Amado, que havia deixado Arnaldo completamente fascinado com o culto do candomblé, a riqueza cultural, a beleza dos trajes, dos colares e demais adornos etc, que nem de longe encontrou na humilde comunidade dirigida por D. Zefinha. Entretanto, encontrou o que não esperava…

A referida senhora, ao inicio da sessão de forma contraditória a tudo que Arnaldo havia aprendido até então, para lograr mediunizar-se sofria fortes confuções que passava aos espectadores inclusive certo sofrimento para que tal fenómeno chegasse a produzir. Subitamente é levada para um recinto fechado por duas senhoras, talvez  pelo seu mal estar, e repentinamente saem de lá duas senhoras e um senhor, que absolutamente nada tinha que ver com a senhora que havia entrado convalecente. Era o Mestre Zé Pilintra que acabava de chegar baixo o som dos tambores e palmas de todos os presentes.

Este por sua fez, fixa o seu olhar em Arnaldo, que dada a insistência assusta-se e refugia-se detrás de seu irmão, aproximando-se a entidade estender-lhe a mão dizendo-lhe: “De mim não precisas ter medo, venho só mostrar-te uma coisa!” Depois disso, Arnaldo Relaxa e lhe entrega a mão e este lhe leva ao meio do “salão” dando-lhe três rodopios usando como eixo ele próprio. “Desde o primeiro giro eu já tinha consciência que algo estranho estava passando, não me sentia normal desde que aquele senhor me havia tocado. Após as três voltas Arnaldo se desequilibra e cai, sendo acudido por seu irmão e, para sua surpresa este dizia chamar-se Gavião Preto da Mata. Arnaldo que até esta altura nunca havia ingerido bebidas alcoólicas de classe alguma, ingere para surpresa de todo um litro de aguardente e fuma um charuto como se estivesse perfeitamente acostumado com aquilo. Para a tranquilidade de seu irmão, que não saberia o que justificar a sua mãe o seu irmão depois da partida da entidade, não mostrava nenhuma alteração normal de uma pessoal que houvesse bebido tanto e ainda mais quando se tratava de um pré-adolecente que jamais havia ingerido bebidas alcoólicas.

A partir desde momento Gavião Preto da Mata  faz-se presente na vida de Arnaldo, promovendo o crescimento cada vez maior do grupo que dirigia com carinho de pai severo e exigente. Depois de passados alguns meses, Arnaldo cede aos muitos convites de Guttemberg e jnto a seu irmão decidem assistir a festa de Exú e de Zé da Bagaceira, patrono da casa de Guttemberg e futuro padrinho de Jurema de Arnaldo e Adrius, tornando-se estes membros desta casa por muitos anos, mas com a exigência de Gavião Preto da Mata, mantendo de forma paralela  a sua Jurema e seu grupo intactos. É inegável que Guttemberg foi o grande mentor espiritual de Arnaldo, ensinando-lhe todo o necessário para porder “sobreviver” na Jurema, que este futuramente foi moldando a seu grupo com a influência da diferença de carácter e acoplando os ensinamentos que tinha como base….Os fundamentos de Kardek!

Mais Tarde, com nome conhecido e já respeitado pelas figuras ilustres das mais tradicionais casas de Catimbó de Pernambuco e com a casa repleta de gente, um de seus filhos Carlos Henrique Santana de Lima (Carlinhos) que lhe acompanhava a oito anos, começa a ter problemas que Gavião diz estar por cima de sua capacidade de resolução, tendo este que procurar um Pai-de-Santo. Arnaldo procura então a Marcos Cabral (Oxá Oluámí), conecido de alternadas visitas em reuniões de Jurema em casa de ambos e merecedores de mútua simpatia.

O Eká Delogum de Oxá Oluami, determina que Carlinhos devia inicir~se no santo o quanto antes, já que Xangô reclamava feitura e não esperaria muito tempo pela mesma. Como Carlinhos diz abertamente que não se submeteria a cerimônia espiritual nenhuma que não fosse com seu padrinho Arnaldo, este toma a iniciativa de iniciar-se no santo, inclusive estimulado por Oxá Olúamí para que este tivesse também esta preparação para dar aos seus filhos, foi o que fez…

 

Submeteu-se a seu processo iniciático que culminou com a festa de saída de Yaô ao dois de Novembro de 1990, sendo raspado em seu próprio terreiro e acolhendo em sua feitura uma irmã de santo carente que não teria nenhuma possibilidade de iniciar-se sem ajuda Coca de Oxum Mabeuma. Tornando-se ele assim dofonitinho de Oyá.

 

Entretanto, nada era exactamente como ele esperava. O carinho da família de santo era escasso, o apoio de seu Pai-de-santo quase nulo, e teve que apoiar-se em seu padrinho de Urunkó "Regis" de Odé Ajaipapò para obter os alicerces básicos para exercer a sua nova postura ainda completamente desconhecida por ele.

Depois de Regis de Odé Ajaipapó, Arnaldo, agora já conhecido como Obá Tòwgún, teve a sorte de cair na simpatia de um tio de Santo Djalma ti Magambalé, que não só ensinou-lhe a dançar para o santo, bem como aprofundou-lhe nos ensinamentos tão herméticos do candomblé. Depois disto e com o apoio intelectual de seu padrinho e tio de santo Arnaldo começou a raspar filho trás filho, constrói terreiro próprio na cidade de Jaboatão dos Guararapes, tendo mais de sessenta filhos raspados ekejis, obás de xangò, alabés, e havendo entregue cinco dekás quando por convite de sua Tia materna Solange de Arruda Beltrão, decide mudar-se para Madrid onde implanta uma nova casa de santo chegando lá iniciar mais de vinte pessoas de varias nacionalidades, entre elas angolana, espanhola, argentina, etc.

Hoje Obá Towgun está a frente do Ilê Asé N’lá Olibuxedo nas aforas de Lisboa e conta com quase cem filhos raspados no santo e mais de uma dezena de Ogans e ekejis, e duas dezenas de Tombos de Jurema.